quarta-feira, 4 de julho de 2012

Batalha Espiritual


Enquanto trabalhamos, comemos, estudamos, oramos, uma batalha é travada no mundo espiritual – os demônios contra a Igreja de Jesus Cristo. Engana-se quem acha que a guerra confronta o inferno e as forças celestes. É na igreja que ela é travada, pois Satanás tenta, a todo momento, tirar os crentes do caminho correto. É, também, um conflito espiritual na alma do crente, que envolve todo o seu ser, conforme está escrito em Gálatas 5:17: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro: para que não façais o que quereis.”
Experientes em batalha espiritual, o pastor Antônio Carlos de Meneses e sua esposa, Fátima, da Assembléia de Deus de Orlândia (SP), acreditam que é a obediência às leis da carne ou às do espírito que levam à vitória de um sobre o outro. “Se este obedecer as leis da carne, evidentemente estará em oposição ao Espírito, logo estará vulnerável ao reino das trevas. Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus: se a pessoa é inimiga de Deus, está vencida pelo adversário”, explicam. E ninguém pense que esta batalha pode ser deixada de lado. “Batalha espiritual não é facultativa nem existe reservista. Logo que nos convertemos, entramos em guerra contra o Diabo, que luta para recuperar a pessoa que ele perdeu, e contra a carne, que está sempre contra o espírito”, esclarece o pastor João Souza Filho, de Porto Alegre, autor do livro “Estratégias para a Guerra Espiritual” (Editora Atos).
Há pessoas (e igrejas) que não acreditam em guerra espiritual. Para elas, esta será a do fim dos tempos, prevista no Apocalipse. Mas o Apóstolo Paulo fala em “luta”, “milícia” e “guerra”, pois a igreja tem o poder de destronar o Diabo de uma rua, bairro ou cidade. “A igreja reside e existe num mundo espiritual, e é nessa esfera que a luta se desenvolve”, afirma João. Para que se tenha idéia, a maior parte dos cânticos de nossos hinários (Cantor Cristão, Harpa Cristã, Salmos e Hinos etc.), explica, são de guerra. “Sempre que a igreja entoa cânticos de guerra, está se preparando para a batalha”, diz. “Os Guerreiros se Preparam”, número 212 da Harpa, dá bem a mostra dessa guerra.
A missionária Neusa Gama, da Assembléia de Deus de Limeira (SP), sabe bem como se dá essa luta. Durante 31 anos ela foi chefe de terreiros de umbanda e amiga íntima de Satanás. “Era integrada nesse mundo, fazendo o que o diabo queria”, lembra. Hoje, faz parte do Exército de Deus, enfrentando o inimigo com oração e jejum. “Somos a igreja de Cristo e, portanto, estamos em guerra com o inferno”, afirma. O inimigo, sempre astuto, ouve tudo o que os crentes dizem, principalmente em momentos de raiva, tristeza, murmuração, e utiliza isso contra a igreja. “Devemos ter cuidado com o que dizemos, pois pode ser usado contra nós mesmos”, alerta.

Se Satanás já é vencido, por que existe a necessidade de lutar contra ele?
O Diabo foi vencido na cruz, quando Jesus Cristo morreu para salvar o mundo. “Satanás perdeu o poder que tinha da morte e do inferno, mas ele só será vencido definitivamente na vinda de nosso Senhor Jesus”, explica o pastor João. Quando a Bíblia afirma que a morte foi vencida, mas todos continuamos a morrer, significa que ela já não pode segurar as pessoas para sempre, porque Jesus trouxe a ressurreição. “A morte foi vencida pela ressurreição. Da mesma forma o Diabo, que foi vencido porque perdeu o direito sobre as pessoas. Cristo, agora, é o grande guerreiro que resgata as pessoas do domínio de Satanás”, afirma.
Segundo o pastor Antônio Carlos, Satanás está vencido por Jesus em todas as áreas, mas não se convence, continuando a investir com seu exército contra o reino de Deus, por vingança. “Tanto é verdade que estamos em campo de batalha, que Paulo escreve aos Efésios que nossas armas não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas”, diz. Mas é preciso a coragem que só os remidos no sangue do Cordeiro adquirem. “Hoje, eu rio na cara do diabo. Quando estou orando de madrugada, ele chega, mas não fala nada: apenas fica com raiva de ter perdido uma serva para Jesus”, diz Neusa.

Como o Diabo luta nesta guerra?
No livro “99 Perguntas sobre Anjos, Demônios e Batalha Espiritual” (Editora Mundo Cristão), o norte-americano B. J. Oropeza diz que uma das estratégias do diabo é disseminar o ódio e a animosidade entre as pessoas, tirando vantagem das divisões e falta de perdão entre os irmãos. “Mestre em enganar, ele (Satanás) pode influenciar os incrédulos para realizar seus propósitos, pois lhes cegou a mente para a verdade do Evangelho”, afirma. Outra forma de ganhar terreno e atrapalhar a obra do Senhor, é levar os crentes a desviarem-se da Igreja.
O que Satanás quer é preparar o mundo para o Anticristo, segundo o escritor Daniel Mastral, ex-membro da Irmandade Satânica Mundial. “É necessário que (os demônios) enfraqueçam a Verdade de Deus para que possam fazer prevalecer a sua verdade. Isso não se consegue do dia para a noite, é necessário estender-se uma verdadeira “rede invisível” sobre a sociedade, em todos os seus níveis, para que a influência global seja completa”, disse numa entrevista, em 2002, quando lançou no país o livro “Filho do Fogo”, em que desvenda os mistérios da alta magia. Ele lembra que, segundo a Bíblia, “o mundo jaz do maligno”. “Podem ter certeza de que há milhares de pessoas envolvidas com os mais altos poderes infernais - principados e potestades - labutando dia e noite para que seja assim mesmo”, disse.
Segundo a irmã Fátima Meneses, a pior batalha travada no mundo espiritual não é aquela em que os demônios se manifestam nas pessoas, fazendo-as cair, retorcer-se e espumar, mas sim quando o inimigo intervém diretamente nas pessoas, fazendo-as mensageiros de coisas más. “É preciso muita graça de Deus e sabedoria para lidar com esse tipo de coisa”, alerta. O pastor Luiz Renato Monteiro diz que a grande batalha é dentro da igreja, confrontando os irmãos. “As pessoas são muito orgulhosas, e não conseguem conviver com o sucesso alheio”, afirma o presidente da Comunidade Evangélica Vida Nova (São José dos Campos-SP). Este seria o maior mal espiritual, juntamente com a falta de perdão, pois impede Deus de derramar bênçãos sobre a igreja ou a família.

É possível que Satanás tenha “legalidade” sobre um evangélico? Basta aceitar Jesus para que se quebrem as maldições?
Aceitar Jesus Cristo como salvador não significa que a pessoa está liberta de todo o mal. É possível que demônios fiquem alojados em seu corpo, e até mesmo que cristãos, batizados nas águas e participantes da Santa Ceia, estejam possuídos. “Opressão é a especialidade dos demônios”, lembra o pastor João Souza Filho. Basta o crente dar lugar, que o Diabo pode apossar-se dele. “Compare o caso do apóstolo São Pedro em um instante que não vigiou: o inimigo usou sua boca”, diz Antônio Carlos, citando o texto de Mateus 16:23. Há também o caso de Judas, um dos doze apóstolos de Cristo, que era usado por Satanás e acabou por entregá-lo à morte, assim como do rei Saul.
“Para impedir é vigiar em oração”, exorta o pastor de Orlândia. Para João, é preciso identificar a raiz do problema. “Percebendo-se que é opressão, deve-se resistir ao diabo, pois ele fugirá de nós, garante a Bíblia”. Se um crente pode ficar endemoninhado é uma questão polêmica. Os entrevistados acreditam que sim, pois se o cristão der lugar, o Diabo pode oprimi-lo e apossar-se dele. “Deus rejeita o pecado, mas não o pecador”, diz Luiz Renato. Segundo ele, um cristão só fica “órfão de Deus” quando não deixa o pecado, abrindo caminho para a possessão maligna. Por este lado, Oropeza, em seu livro, questiona se o indivíduo é, de fato, crente. “Um cristão em Cristo professo pode não ser, necessariamente, um cristão genuíno. Dizer ‘creio em Jesus’ não é suficiente se o indivíduo deliberadamente permanece preso por hábitos ocultos e pecaminosos. Devemos nos arrepender de nossos pecados e abandoná-los”, afirma.
Os demônios podem ter “legalidade” sobre alguma coisa ou mesmo uma parte do corpo, devido a um pacto feito com o inferno. Mesmo um crente, se tiver uma brecha em sua vida, abrirá espaço para Satanás agir. E as brechas são muitas: mágoa, inveja, mentiras, lasciva etc. “Para ficar liberto, não basta somente aceitar Jesus: temos de permanecer firmes e ter uma vida de santificação”, afirma Fátima. Rodas de piadas, palavrões, gírias, medalhas de santos, objetos consagrados a espíritos ou de seu uso são possíveis brechas pelas quais os demônios invadem a vida dos crentes. “A boca é o principal caminho usado pelo inimigo, pois o cristão nem sempre vigia aquilo que fala. Desejar o mal a um irmão é terrível. Mas, mesmo se nada disser, é necessário pedir misericórdia de Deus”, ensina a missionária Neusa Gama.

Como vencer a batalha espiritual?

Uma guerra no campo natural é vencida por planejamento e estratégia, e o mesmo vale para a batalha espiritual. O pastor João de Souza Filho estudou algumas guerras que Israel travou no Antigo Testamento, das quais extraiu princípios espirituais para as guerras que enfrentamos atualmente, descritas em “Estratégias para a Guerra Espiritual”. “Neste livro, trabalho mais com estratégia, isto é, na luta contra as dominações satânicas sobre determinadas regiões, do que no nível pessoal”, explica.
Para a missionária Neusa, para o crente vencer a batalha contra as trevas é preciso ter em mente um texto-referência: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Salmo 1:1). Para Daniel Mastral, o segredo do verdadeiro guerreiro espiritual é a obediência. “Ela nos conduz ao centro da vontade de Deus, onde o Poder do Alto se manifesta. Sem sujeição à Palavra não há autoridade contra o Diabo e nem santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor”, afirma.

Como funcionam as maldições?
Segundo o pastor João, o estudo das maldições é conflitante. “Jamais devemos esquecer que o que dá legalidade ao diabo é o pecado”, lembra. Segundo ele, não se pode confundir legalidade com possessão. “Os demônios operam na área da alma, da vontade, das emoções”, enumera. Ele explica que o conceito de “aceitar a Jesus” não é bíblico. “A pessoa que serve a Jesus como Senhor de sua vida comporta-se diferentemente da que aceita a Jesus como salvador pessoal. Por isso, com um conceito de salvação tão vago, é difícil responder a essa pergunta”, considera. A irmã Neusa conta que fez pacto de sangue com o Diabo, quebrado após cultos de libertação de que participou. “Mas foi preciso muito jejum e oração”, afirma.
As maldições operam no tronco de uma família trazidas por demônios ou espíritos familiares. A Bíblia fala de “ídolos do lar” (ou terafins, imagens adoradas e que representavam o “guia” da família). “Existem demônios que se instalam e conhecem bem as famílias. Por isso aparecem nos centros espíritas e são reconhecidos pelas pessoas que procuram um contato com seu ente querido”, explica. É por isso que, numa sessão, esses espíritos gaguejam, escrevem, falam e têm os mesmos pigarros do falecido. “Mas são demônios. Conhecem muito bem os membros da família e enganam as pessoas”, garante. Para cortar esses laços demoníacos, a pessoa tem de comprometer-se com Jesus.
Segundo a escritora Rebecca Brown, no livro “Maldições Não Quebradas” (Editora Danprenaw), as maldições podem ter diversas origens, como herança, envolvimento com coisas impuras e profanas, violação de direitos territoriais (guerrear contra Satanás sem ter recebido ordens específicas de Deus ou viver em terra ou casa amaldiçoada) e realização de rituais demoníacos. Para quebrar as maldições provenientes de Satanás, ela explica que é preciso, antes de tudo, confessar e reconhecer o pecado que lhe deu origem, arrependendo-se. “Em voz alta, tome autoridade sobre a maldição, em nome de Jesus, e ordene que ela seja quebrada de imediato”, receita. Em seguida, deve-se ordenar aos espíritos demoníacos que deixem a vida, em nome de Jesus Cristo.

O que pode demonstrar que uma pessoa está possuída pelo diabo?

Nem sempre o possuído pelo diabo age de forma extravagante, esclarece o pastor João. “O Anticristo, por exemplo, fará milagres e prodígios na Terra, enganando a muitos”, diz. Paulo fala que o Diabo se manifesta em anjo de luz, e que seus ministros em ministros de justiça. “As manifestações do diabo são mais ‘espirituais’ do que se pensa”, alerta. Para o casal Antônio Carlos e Fátima, é pelos frutos que se reconhece a árvore. “Para saber que uma pessoa de fato tem espíritos maus, é preciso ter o dom de discernimento, porque há demônios de todos os tipos”, afirmam. Além disso, em Apocalipse é predito que, no fim dos tempos, falsos profetas profetizariam sinais e maravilhas, levando muitos a desviarem-se do caminho.
O livro “99 Perguntas...” traz uma instrutiva tabela demonstrando as possíveis características de uma pessoa endemoninhada. O autor as divide em três categorias os sintomas: físicos, psicológicos e espirituais (veja quadro). “A questão se complica porque, muitas vezes, as categorias mental, física, espiritual e emocional se justapõem em casos de possessão genuína. Na Bíblia, às vezes, os demônios causam enfermidades físicas e mentais”, explica. Satanás veio para matar, roubar e destruir, lembra a irmã Neusa, e tenta infiltrar-se no meio da Igreja. “O Diabo fala até em línguas estranhas, enganando muita gente. Segundo ela, é preciso que as igrejas realizem mais cultos de libertação, inclusive para os crentes. “Sempre participo de cultos assim, e vejo muito crente cair endemoninhado. Mas ele não sabe, por isso é preciso vigiar”, aconselha.

É possível discernir se um acontecimento sobrenatural provém de Deus ou do diabo?
Sem dúvida, garante o pastor João de Souza Filho. Os acontecimentos sobrenaturais são mui semelhantes. Os místicos da igreja descobriram que o mundo espiritual é todo semelhante, e as manifestações, sejam divinas ou satânicas, causam tremor e temor. “Não se pode definir se o que se experimentou foi de Deus ou do Diabo apenas pelas luzes, cores, vozes e anjos”, considera. De acordo com o pastor, eles criaram uma pequena regra para perceber se a experiência espiritual é divina ou diabólica. “Quando é divina, depois da manifestação, a pessoa se torna mais humilde, amorosa, submissa e quebrantada, e esconde dos demais a experiência que teve, porque o que aconteceu foi entre ela e Deus. Mas, quando é satânica e vem mascarada de sã espiritualidade, a pessoa se torna mais orgulhosa de sua espiritualidade, rebelde e insubmissa. Por isso os mais “espirituais” tendem a ser os mais rebeldes”, revela.

Os cultos afros deixaram maldições em nosso país? Como quebrá-las?

É reconhecida a influência da cultura africana no Brasil. Os escravos, capturados aos milhões e traficados em todo o mundo, trouxeram muito de sua culinária, arte e religião. Mas, segundo teólogos evangélicos, esses cultos (como umbanda, candomblé e o sincretismo surgido com o catolicismo) são parte da cultura brasileira e, portanto, não passíveis de críticas. “Mas é uma cultura de origem demoníaca, haja vista os cerimoniais, as oferendas, o tipo de sacrifícios, as cores, e as figuras de elementos satânicos em seus rituais”, afirma o pastor João de Souza Filho.
O pastor Antonio Carlos lembra que, quando os primeiros colonos chegaram ao Brasil, já existiam rituais demoníacos exercidos pelos índios, que migraram pela costa das Américas vindo de países que não conheciam a Deus. “Obviamente os seus cultos eram dirigidos a demônios, que no seu ritual traz maldições, como adoração a objetos, astros, coisas criadas ou por tudo aquilo que não vem do Deus que fez os céus e a terra”, afirma. Pastor João explica que o mundo espiritual que o Diabo lidera é como um grande guarda-chuva, que protege e abriga todos os tipos de manifestações. “Não só os cultos afros deixaram maldições, mas a mistura religiosa da igreja católica também”, afirma. Para ele, as maldições deixadas pelos cultos afros e católicos podem ser identificadas na pobreza, prostituição e autoritarismo paroquial em todo o país. Para quebrar essas maldições, somente o poder do Evangelho de Jesus Cristo.

O subdesenvolvimento da África tem a ver com isso? Existem espíritos que dominam um determinado lugar?
Segundo João, todo subdesenvolvimento tem a ver com dominações espirituais, e um caso real é a África. “No caso do Brasil, existe uma cultura de pobreza e miséria deixada em certas regiões pela igreja romana, com aquele espírito que diz “Deus quer assim”. Isso é uma mentira”, acusa. Segundo ele, Paulo diz que “As armas de nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus...” (2 Co 10.4-5).
Ele cita o pastor e escritor argentino Edgardo Silvoso, que diz: “Uma mente impregnada com a falta de esperança é também uma fortaleza, especialmente porque leva o crente a aceitar como imutável aquilo que ele mesmo sabe ser contrário à vontade de Deus”. O pastor Antônio Carlos e a irmã Fátima não dizem que o subdesenvolvimento crônico seja a causa principal dos rituais satânicos na África, mas a falta do conhecimento de Deus. “Haja vista haver países desenvolvidos com as mesmas freqüências desses espíritos enganadores”, explica ele. “Eu diria que o subdesenvolvimento contribui para todos os tipos de miséria”, acrescenta Fátima.
Não se pode duvidar de que há espíritos territoriais, bem como maldições sobre terras e até residências. Rebecca Brown conta que, nos Estados Unidos, diversas áreas são amaldiçoadas por índios americanos. Uma região na fronteira dos Estados do Oregon e Washington, conta, há diversas igrejas, mas todas pequenas e derrotadas, onde nunca houve um avivamento. A autora explica que os índios lançaram maldição de que o homem branco jamais prosperaria naquele lugar. Embora tenha havido uma certa prosperidade financeira, a espiritual nunca ocorreu.
Diversas igrejas brasileiras não conseguem ampliar o número de membros por que foram amaldiçoadas, e isso precisa ser quebrado. Lembra o pastor Luiz Renato, citando Jesus, que determinadas castas de demônios só saem com jejum e oração (e consagração permanente, acrescenta). O pastor João, em seu recente livro, fala de criar estratégias, como observação, preparação e escolha dos guerreiros, e as táticas de Deus para vencer a batalha espiritual contra demônios territoriais. “(No livro) não trato de guerra de expulsar demônios de pessoas, mas para desalojar príncipes e governadores satânicos que agem em certas cidades, regiões e Estados do Brasil”, explica.

Objetos podem trazer maldições?
Sim, se esses objetos tiverem sido consagrado a demônios. “Se as pessoas não tiverem conhecimento, com certeza sofrerão os ataques, não dos objetos, mas de seus possuidores”, explica o pastor Antônio Carlos de Meneses. Segundo o pastor João, inocentemente as pessoas levam para casa objetos ditos “energizados”. “Ouvi uma bruxa dizer a outra num festival: ‘Essa bruxinha foi energizada para você’. Isto é, ela agora tem o poder de atrair os fluídos, que o crente conhece como demônios”, ensina. Se o crente desconhecer isso, pior ainda. Ele exorta que o cristão deve jogar fora qualquer souvenir de que desconfie. “Às vezes tenho de lidar com problemas trazidos para dentro dos lares em lembrancinhas e presentes de amigos”, conta.
Apesar das evidências, diversos teólogos duvidam de que objetos podem carregar maldições, já que o contrário não é aceito – alguma coisa levar a bênção. “Por que Deus pediu ao povo de Israel para eliminar todos os objetos de adoração dos cananitas? Estes serviriam de ciladas ao povo”, lembra o escritor gaúcho. Ele e o pastor Antônio Carlos concordam que os teólogos, invariavelmente, desconhecem as experiências. “Pergunte a um teólogo o que ele acha de possessão demoníaca e responderá que se trata de problema mental”, diz João. “Os teólogos não vivenciaram fatos e não têm experiência no assunto”, acrescenta Antônio Carlos. Segundo ele, Deus não abençoa por meios de objetos, e sim mediante Jesus Cristo.

Existe uma “feitiçaria evangélica”?
É comum, hoje, pastores pedirem que os membros da igreja levem fotos ou peças de roupas de um parente para receber oração. Também pode-se assistir a sessões de descarrego, em que se usa sal grosso e água abençoada. Ou locutores-pastores pedem que ouvintes coloquem um copo d’água sobre o rádio. Isso não passa de “feitiçaria evangélica”, infelizmente cada vez mais usada nas igrejas. “A verdadeira fé está ligada diretamente a Cristo, sem a necessidade de elementos externos”, explica o pastor João. Segundo ele, ilude-se quem pensa que alguns dos grandes movimentos que hoje existem sejam igrejas. “Nem sempre o que se vê na mídia é igreja”, afirma. O verdadeiro cristão não tem a sua fé nestas coisas, mas sim em Cristo e na sua Palavra, diz a irmã Fátima.
Outra coisa são os modismos, cada vez mais adotados dentro das igrejas, principalmente pelos jovens. A escritora Rebecca Brown lembra que muitos surge da feitiçaria, lançados por ídolos do rock ou de Hollywood. Segundo ela, nas antigas Grécia e Roma, os sacerdotes de Baco, deus do vinho e da libertinagem, tinham um corte de cabelo característico (mais longo em cima, curto dos lados e com listras laterais). “Muitas roupas e jóias têm desenhos com símbolos ocultistas, e espíritos demoníacos têm todo o direito legal de apegarem-se a tais itens”, revela. “Satanás é o deus deste mundo”, lembra. “Modismos se tornam modismos apenas porque são populares. Tudo o que tem a ver com Jesus jamais será algo popular no mundo”.

Todo crente tem autoridade sobre o diabo?
A autoridade para expulsar demônios e curar enfermos é para todo crente, e não é necessário um ministério especial nessa área. “Alguns, no entanto, possuem mais experiência e autoridade que outros”, reconhece o pastor João. Segundo ele, os demônios gostam de se expor, procurar as luzes e o palco. “E os pastores, que também gostam do palco, caem nessa armadilha satânica”, acusa. A linguagem que muitos pastores usam, chamando demônio de “encosto”, não é bíblica, e tampouco conversar com eles. “Se o crente não conseguir expulsar um demônio, alguma coisa está errada”, desconfia o pastor Antônio Carlos.
Mas existe ainda um perigo maior. Os demônios “espreitam” as igrejas (ou estúdios) onde se realizam cultos de libertação, em que eles são a atração principal, e não Jesus Cristo. “Eles querem fama, e quando o pregador ordena que tal demônio se manifeste, o demônio mais próximo aparece”, diz João. Às vezes, acredita, existe uma íntima parceria entre pregador e demônio. “O demônio exalta o pregador, saindo do corpo de alguém, e o pregador exalta o demônio, invocando-o”.


Box

Possessão demoníaca
Como identificar um endemoninhado

Sintomas físicos
Força sobre-humana (às vezes violenta e autodestrutiva)
Expressão facial alterada (olhar irado e malicioso)
Mudança na voz (aspereza, zombaria, rouquidão)
Sintoma semelhantes à epilepsia (convulsões, prostração)
Insensibilidade à dor
Mt 8:28; At 19:16; Lc 4:33; Mc 9:18-22; 5:1-5

Sintomas psicológicos
Clarividência (habilidade para ver coisas além da percepção normal)
Telepatia (comunicação além do nível dos cinco sentidos)
Habilidade para predizer o futuro
Habilidade para falar em línguas estrangeiras da pessoa possuída
Estado de transe (às vezes, a pessoa é incapaz de lembrar o que fez nesse estado)
At 16:16-18; Mc 1:21-24, 34; Lc 4:33; 1 Sm 18:10; Mc 9:18-22

Sintomas espirituais
Caráter imoral (profanidade, nudez, linguajar obsceno, blasfêmia)
Ameaça verbal ou física a tudo o que representa Cristo ou o cristianismo
Entrar em estado de transe quando alguém ora
Incapacidade de confessar Jesus Cristo de forma reverente
Fenômenos “poltergeist” (ruídos inexplicáveis, objetos movimentando-se, odores desagradáveis)
At 13:4-11; Mc 5:1-5; Lc 9:41-42; 1 Jo 4:1-6; 1 Co 12:3; 1 Sm 18:10

Fonte: “99 Perguntas sobre Anjos, Demônios e Batalha Espiritual”, B. J. Oropeza (Editora Mundo Cristão)

Fonte :Revista Tempo de Avivamento

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